18 dezembro 2011


« e sem saber bem o q dizer, foi lá. com coragem e raiva no peito, nervossismo nas maos e soluços na boca. com o nariz gelado e a garganta a doer enrolados num cachecol de mil e uma cores , como se as nuves tivéssem frio e se fossem aconchegar nas asas do arco-íris. mas o que ainda doía mais , era sentir tal mistura de questoes sem resposta , respostas sem questoes , questoes sem ponto de interrogaçao , respostas sem ponto final ; tal multidão de saudade ; tal desconforto de trezentas palavras enroladas entre a garganta e a lingua para serem soltas. e esse desconforto imenso que invadia o seu corpo parecia nao ter fim , era como uma teia que era tecida um pouquinho dia após dia. pegava em folhas de papel , cartolina , cartões , taloes , guardanapos , o que quer que fosse , mas em todos esses simples e preciosos materiais , escrevia que o odiava , desenhava bonequinhos maus e raivosos (...) e no fim dessas (supostas) "cartas" ? dizia que o amava. as suas lágrimas escreviam na almofada que faltava o cheiro dele e o seu corpo e os lençóis gritavam pela sua presença , pelo seu calor (...) pelo seu corpo. todas as manhãs escrevia no espelho que lhe ofereceu nos anos o nome dele, com o batom vermelho - aquele que usou no dia em que se conheceram - em letras grandes e bem carregadas. nessas manhãs, a gata deles miava, como quem cantarolava a sua ausência. durante o dia, olhava para o pulso cheio de pulseiras que lhe ofereceu em todos os sitios por onde viajaram no verão. ia ao telemovel ouvir os seus artistas favoritos. ia à maquina ver fotografias deles. ia à carteira ler os seus boletins diarios ou quase diarios. ia ao coraçao relembrar momentos e ia aos olhos buscar uma lagrimazinha de saudade. quando chegou ao aeroporto , nao o via. nao reconhecia o sorriso encantador q a acordava todos os dias. nao encontrava o seu cabelo loiro e os seus olhos cor de avelã e brilhantes. ligou-lhe. foi à recepçao. e nada. largou tudo e sentou-se a chorar encostada a uma parede. agora sentia , realmente , que o tinha perdido para sempre. »


ana rafaela a fazer as pessoas chorar de emoção since 1995.